Quatro alunos do curso de Ciências de Computação na Universidade de São Paulo de São Carlos (ICMC/USP) fizeram juntos o jogo Z Wirelezz Game. A criação é inspirada no game Ingress,
criado pela startup Niantic Labs, do Google. O jogo está passando por
ajustes e deve ser lançado gratuitamente em 2014. A coluna Geração Gamer
conversou com Bruno Orlandi (20), Gustavo Blanco (21), Marcus Silva
(21) e Nihey Takizawa (19), os quatro desenvolvedores do game, para
saber detalhes sobre a criação do jogo.
Z Wirelezz Game é um jogo de conquista de territórios, usando celular e GPS
Um GPS, Android e uma ideia na cabeça
“Estamos
no terceiro ano, de um total de cinco, do curso de bacharelado em
Ciências da Computação. O aplicativo foi desenvolvido como Trabalho
Final da disciplina de Redes de Alto Desempenho. A proposta era
desenvolver algo que utilizasse conceitos de redes de computadores
vistos em aula e tivemos a ideia então de um jogo de realidade aumentada
que envolvesse comunicação sem fio e geolocalização”, resumiu Gustavo
Blanco, que começou nos games aos 7 anos, com The Pagemaster, um jogo de
aventura em livros clássicos como O Médico e o Monstro e A ilha do
Tesouro. Por essa conversa entre mídias diferentes, Blanco acredita que
videogames são de fato “a forma máxima de arte”, como foi mencionado no
documentário Indie Game: The Movie.
“A escolha da plataforma Android foi influenciada principalmente pelo
fato de alguns de nós já possuírem familiaridade no desenvolvimento
para este sistema e, principalmente, por ser a plataforma mais acessível
no Brasil hoje”, disse Bruno Orlandi, que programa desde os 14 anos. O
desenvolvedor também afirmou que a compatibilidade do sistema
operacional com vários modelos de aparelhos móveis foi crucial para a
escolha: “Como Z Wirelezz Game é um jogo que pode ser jogado entre
amigos e familiares, nós gostaríamos que as pessoas pudessem baixar o
aplicativo rapidamente e sair jogando, independentemente do modelo de
tablet ou smartphone que cada um possui”.
Bruno Orlandi, Gustavo Blanco, Marcus Silva e Nihey
Takizawa, do Z Wirelezz Game
Takizawa, do Z Wirelezz Game
O jogo foi
inspirado no Ingress do Google para ser desenvolvido. "A nossa ideia
inicial para desenvolver o aplicativo era a de que o jogador precisasse
apenas de um aparelho com Android e GPS e que existisse uma interação
entre o espaço físico e o virtual, seguindo a ideia de Realidade
Aumentada”, explica Nihey Takizawa, o mais novo do time, que foi
iniciado nos games com o clássico Warcraft II, da Blizzard.
O jogo brasileiro utiliza o conceito de Realidade Aumentada e é inspirado em Ingress, do Google
Z Wirelezz Game divide os jogadores em times e envolve a conquista de
territórios físicos reais, rastreados pelo app aberto Google Maps.
Gustavo Blanco explica o funcionamento: “As equipes podem atacar e
apossar-se das áreas já conquistadas por outras equipes, o que exige um
trabalho coordenado de cada time. Para capturar uma área é necessário
que o jogador verifique no aplicativo em qual posição geográfica a mesma
está localizada e então se deslocar fisicamente até esse local,
habilitando assim a opção de captura. Para concluir a conquista é
necessário resolver corretamente um puzzle, que até o momento consiste
em um CAPTCHA”.
O jogo ainda se encontra em fase beta e foi apresentado apenas na USP
de São Carlos. Blanco explica detalhes: “Existem outras mecânicas que
tornam o jogo mais dinâmico, como a limitação de ações que cada jogador
pode executar antes de ser obrigado a voltar para uma área aliada e
‘recarregar’ sua energia. Há também a possibilidade de aumentar a defesa
de uma área já conquistada, dificultando o ataque com êxito por equipes
adversárias. Apesar de parecer complexo, na prática o jogo é
extremamente fácil e intuitivo”.
“O projeto foi concluído em
aproximadamente dois meses e contou com o nosso time de quatro pessoas”,
completou Marcus Silva, que começou nos games aos seis anos, com Diddy
Kong Racing, da Rare, no Nintendo 64. Nintendista desde novo, Marcus
acredita no aspecto lúdico dos jogos, ou seja, nos videogames como
diversão e entretenimento.
Z Wirelezz Game faz conquista de territórios pelo
recurso CAPTCHA
recurso CAPTCHA
Qual é a situação do mercado brasileiro de games?
“O
último lançamento nacional que realmente conseguimos jogar foi o
DungeonLand. Acreditamos que ele mostra como a indústria nacional passa
realmente a desenvolver um trabalho profissional na criação de jogos
digitais e elevar seu padrão de qualidade para competir com os jogos
internacionais”, disse Bruno Orlandi, lembrando da Critical Studio, extinta em 2013 após conseguir criar esse game pelo valor de um milhão de reais.
“Infelizmente
no Brasil ainda é muito difícil para as desenvolvedoras se sustentarem,
embora já exista um mercado para jogos mobile mais consolidado.
Esperamos que games como Mr. Bree, Toren, entre outros, continuem a
elevar os padrões de qualidade no mercado nacional”, complementou Nihey
Takizawa.
Os estudantes da USP de São Carlos se inspiraram em
exemplos que deram certo para investir em um app móvel. “O
desenvolvimento de jogos para celulares possui a vantagem que o público
em potencial é extremamente maior do que plataformas como PC e
videogames em geral. Existem limitações quanto a quantidade de botões e
processamento de cada aparelho, mas se o jogo desenvolvido for simples e
divertido, essa é a plataforma ideal. Angry Birds
é um jogo que nos provou isso. Como nosso game não possui muito apelo
visual e sim mais técnico, as plataformas mobiles são ideais”, completou
Gustavo Blanco.
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